Mês: <span>agosto 2017</span>

O perfeccionismo e a insatisfação com a vida

O perfeccionismo e a insatisfação com a vida
O perfeccionismo tem o potencial de acabar com os pequenos prazeres da vida

Se você achar difícil curtir as suas realizações, sejam grandes ou pequenas, você pode estar sofrendo com o seu perfeccionismo, que torna impossível amar-se e aceitar-se por quem é e o que faz com confiança. Isso se deve ao fato de que as atitudes, regras e pressuposições perfeccionistas exigem sempre um passo adiante em que o “grande” torna-se “maior” e o “bom” torna-se “melhor”. Portanto, a linguagem do perfeccionismo nunca está satisfeita com o presente, mas revolve ao redor do passado e, muitas vezes, de experiências futuras idealistas. Pensamentos tais como: “se eu tivesse feito isso melhor, aquilo não teria acontecido”, “fiz isso melhor antes” ou “preciso fazer isso absolutamente correto na próxima vez” retiram o poder do aqui e agora. Você se torna obcecado com resultados como um hamster andando na rodinha, determinado, embora um pouco delirante.

O perfeccionismo tem o potencial de acabar com os pequenos prazeres da vida. Aquele belo momento de deitar na cama após ter acabado de mudar os lençóis enquanto desfruta de seu perfume pode ser arruinado pelo pensamento, “Os lençóis de algodão egípcio são muito mais macios”. O perfeccionismo também faz com que os seus esforços lhe pareçam inúteis. Após perceber que conseguiu meditar com sucesso por quinze minutos, você sente um pouco de orgulho, até que o pensamento “Se eu tivesse conseguido meditar por trinta minutos me sentiria muito mais relaxado” ocorre e muda completamente o seu humor. O perfeccionismo faz com que se sinta como se estivesse em uma batalha constante contra si mesmo e o mundo ao seu redor. Um momento de alegria torna-se algo inalcançável.

Sentir-se bem e realizado pessoalmente também depende muito de sua capacidade de manter um bom relacionamento consigo mesmo. Uma atitude perfeccionista, no entanto, dificulta esse processo. Isso acontece porque o pensamento perfeccionista e a autocrítica são parceiros no crime quando se trata do assassinato da sua própria autoestima, já que o perfeccionismo não somente resulta em insegurança pessoal, como também alimenta a autodepreciação. Sob o seu feitiço, você facilmente se torna preso a um ciclo de apontamento de falhas que só termina quando se sente completamente dominado pela culpa, vergonha ou ansiedade. O perfeccionismo ameaça a sua saúde mental e se encontra no centro de problemas como a depressão, preocupação excessiva e baixa autoestima. Ao contrário da crença popular, o perfeccionismo não conduz ao caminho do sucesso e da felicidade, mas lhe torna vulnerável e descontente como se tivesse perdido o senso de autodireção.

Para pôr fim ao perfeccionismo, comece a monitorar e questionar ativamente os seus próprios pensamentos negativos. Se precisar de ajuda com essa tarefa, recomendo iniciar um Registro Diário de Pensamentos Disfuncionais (RDPD) a fim de identificá-los e abortá-los efetivamente. Após questionar os pensamentos automáticos utilizando o RDPD por um período razoável, tente fazê-lo sem a ajuda de um pedaço de papel, mas de forma mental e até verbal se estiver em um ambiente privado. Crie o hábito cognitivo de desconfiar de pensamentos que pareçam estar tentando convencer-lhe de quem é ou de que o que faz ou consegue não é bom o suficiente. Silencie a voz do seu gremlin perfeccionista introduzindo uma atitude compassiva em relação a si, como se fosse o seu melhor amigo. Perdoe-se e elogie-se sempre reconhecendo o valor de seus esforços aqui e agora. Saiba como viver no presente a favor e não contra si mesmo.