Mês: <span>abril 2019</span>

Porque você não consegue parar de se preocupar

Porque você não consegue parar de se preocupar
Você pode levar-se a um estado de intenso medo e ansiedade apenas imaginando algo horrível

A preocupação excessiva é um problema comum. A maioria das reclamações de meus clientes está diretamente associada à ocorrência frequente de pensamentos negativos. Enquanto alguns são constantemente bombardeados por pensamentos intrusivos que os fazem se sentir envergonhados ou inseguros, outros se veem à mercê de um cenário catastrófico. Independente do conteúdo, o pensamento disfuncional exerce um grande impacto na saúde mental e qualidade de vida, já que aqueles que se preocupam excessivamente acham difícil se sentirem bem e aproveitarem o momento. Isso se deve ao fato de que os seus cérebros estão sempre ocupados antecipando supostas adversidades, perigos e perdas. Mas se nos perturbarmos demais é contraproducente, por que a maioria de nós não consegue parar de se preocupar?

No seu extraordinário livro Mind to Matter, Church (2018) explora “O valor evolutivo do pensamento negativo” e nos ajuda a compreender como uma atitude preocupada revelou-se fundamental para o sucesso da espécie humana. Se não fossemos capazes de sermos sensibilizados pelo medo, o nosso sistema límbico ou cérebro emocional não nos mobilizaria para a resposta de luta ou fuga. Uma atitude descontraída em relação ao perigo aumentaria a nossa exposição e seríamos devorados por predadores, por exemplo. Mesmo que alguns de nós tivessem a sorte de evitar a morte e conseguissem crescer e procriar, a nossa probabilidade de prosperar como um grupo seria consideravelmente reduzida. Um estado de hipervigilância, ou a capacidade de permanecermos alerta e sermos avisados pelo cérebro sobre a possibilidade de algo ruim acontecer, portanto, parece ter contribuído grandemente para permanecemos vivos e nos tornarmos mestres do próprio destino.

Tudo faz sentido, não é mesmo? Agora você já sabe porque é tão fácil começar a se preocupar: o seu cérebro evoluído está tentando protegê-lo! Contudo, há uma ressalva: a sua incapacidade de diferenciar entre as ameaças reais e imaginárias já que você pode, literalmente, levar-se a um estado de intenso medo e ansiedade apenas imaginando algo horrível como, por exemplo,  morrer repentinamente de um ataque cardíaco, embora goze de uma perfeita saúde. Somente através do pensamento, podemos ativar a resposta de estresse do corpo e induzir uma mudança em nossa fisiologia, de modo a prepará-la para lidar com um problema que não existe. O cortisol e a adrenalina, os nossos hormônios do estresse, inundam o corpo e aumentam o ritmo cardiorrespiratório, assim como a pressão sanguínea. Enquanto você se preocupa se conseguiu encantar a todos naquela apresentação, o seu instinto de sobrevivência trata essa aprovação como uma questão de vida ou morte.

Para descobrir se está preso no modo luta ou fuga, faça um esforço consciente para se reconectar com o corpo e as emoções, já que os indivíduos hipervigilantes tendem a viver no mundo de suas cabeças e negligenciar a saúde física e emocional. Pergunte-se, de tempos em tempos, “O que as minhas sensações corporais e meus sentimentos estão revelando sobre mim neste exato momento?”. A tensão muscular que não melhora com o tempo, as crises de enxaqueca frequentes e as dores inexplicáveis, por exemplo, são sintomas comuns do estresse crônico. Embora verificar constantemente o telefone pareça um comportamento inofensivo, mantém o seu cérebro em um estado de superestimulação. A prática da autoconsciência fará com que saia do modo piloto automático e permitirá a recuperação do controle sobre si mesmo. À medida que passar a se familiarizar com a maneira como o estilo de vida, os hábitos e as escolhas afetam a sua mente e o seu corpo, seja corajoso e comece a investir em mudanças que introduzirão equilíbrio e felicidade em sua vida.

Referência:

Church, D. (2018). Mind to Matter, The Astonishing Science of how Your Brain Creates Material Reality.  Carlsbad, CA: Hay House.