Mês: <span>junho 2019</span>

10 conceitos básicos da terapia do trauma

10 conceitos básicos da terapia do trauma
Um evento traumático supera a capacidade de lidarmos emocionalmente

Se você está sofrendo por causa de um trauma, pode se beneficiar de alguns conceitos que a ajudarão compreender como isso afeta a sua mente, as suas emoções e o seu comportamento. A seguir, você encontrará uma lista de 10 conceitos básicos da terapia do trauma, para expandir o seu conhecimento e facilitar o aprendizado:

1- Evento traumático: trata-se de uma experiência adversa tão intensa que supera a capacidade de lidarmos emocionalmente. Isso pode ser um evento muito assustador ou chocante, como um acidente de carro ou crescer sofrendo abuso verbal de alguém que se conhece e em quem se confia.

2- Tipos de trauma: o trauma vai além da lesão física, mas diz respeito a qualquer experiência negativa que afeta um indivíduo como um todo, corpo e mente. Portanto, o trauma também pode ser de natureza emocional/psicológica e relacional. O trauma é classificado como “simples” quando decorre de uma ocorrência, como no exemplo mencionado de acidente de carro. O trauma complexo, no entanto, consiste em uma série de eventos traumáticos que acontece em um longo período, tal como o trauma de infância ou desenvolvimento.

3- Gatilho: é algo ou alguém que acarreta a lembrança de um evento traumático. Um gatilho pode ser um cheiro, um som, um comportamento ou até mesmo uma emoção que o conecte a traumas passados. O adulto que tenha sofrido abuso emocional por parte do genitor, por exemplo, pode sentir-se afetado emocionalmente por uma situação gatilho em que testemunha idêntico tipo de abuso. Sob a influência de gatilhos, pode-se experienciar os flashbacks e reviver emoções negativas e sensações corporais relacionadas a um evento traumático em particular.

4- Flashback: como mencionado anteriormente, um flashback é a ativação de uma memória traumática, com ou sem a intenção da vítima/sobrevivente. Sob a influência de um flashback, sente-se como se estivesse revivendo a experiência adversa que a levou ao trauma. Ao contrário do conhecimento popular, nem todo o flashback possui um componente visual. Em alguns casos, os flashbacks não ativam imagens, mas exclusivamente as emoções negativas e/ou sensações corporais de quando o trauma ocorreu.

5- A resposta de luta ou fuga: quando o cérebro identifica uma ameaça ao nosso bem-estar, seja real ou imaginária, prepara o corpo para a ação, ou, em outras palavras, para lutar contra um inimigo, fugir da cena ou “congelar” no local. Quando em estado de luta ou fuga, a nossa fisiologia muda de modo a adaptar-se às nossas necessidades de autopreservação e proteção: o nosso coração bate mais rápido, a respiração fica mais curta e os músculos mais tensos, tudo para nos preparar para o embate ou para a fuga. Essas mudanças fisiológicas refletem o estado de alerta e sobrevivência do nosso sistema nervoso.

6- Estresse traumático crônico: o estresse vivenciado de maneira saudável ou administrável tende a não durar muito tempo. Na realidade, a maioria dos estresses com os quais lidamos são de curta duração, como correr apressado de manhã para chegar ao trabalho na hora. O estresse traumático crônico, contudo, não é temporário e pode durar meses ou até anos. Uma vítima vulnerável de abuso doméstico ou um prisioneiro de guerra, por exemplo, vivencia um estresse que não diminui com o tempo e que, como resultado, torna-se crônico a longo prazo.

7- Hipervigilância: compreende um estado de agitação e estimulação constantes. Quando alguém é hipervigilante, mesmo sem consciência, opera no modo sobrevivência ou luta ou fuga. Nesse estado, pensa-se de forma demasiada tendenciosa para o negativo, tende-se a ver catástrofes e ameaças ou perigos onde não haja, pois o cérebro encontra-se em constante estado de alerta. Portanto, as pessoas hipervigilantes são muito mais propensas a se preocuparem excessivamente e a terem transtorno de ansiedade.

8- A neurobiologia do trauma: explica como o trauma afeta o cérebro. Quando se estuda a neurobiologia do trauma, entende-se como a exposição ao estresse contínuo durante o desenvolvimento, por exemplo, resulta em um aumento acentuado da atividade do sistema límbico ou da área responsável pela resposta de luta ou fuga, a ponto da vítima tornar-se hipervigilante e incapaz de se desligar disso.

9- TEPT e TEPT-C: a exposição a um único ou vários eventos traumáticos pode resultar no Transtorno de Estresse Pós-Traumático e Transtorno de Estresse Pós-Traumático Complexo, respectivamente. Os sintomas de TEPT incluem flashbacks, pesadelos, distúrbios do sono, hipervigilância e irritabilidade. Os sofredores do TEPT-C não só exibem esses sintomas, bem como a vergonha e culpa crônicas, raiva acumulada, pensamentos suicidas, problemas de relacionamento e desequilíbrio emocional, entre outros.

10- Retraumatização: pode ocorrer quando uma vítima do trauma é exposta a pessoas, situações e comportamentos, os quais, de alguma forma, provocam um estado de vulnerabilidade em si similar ao vivenciado no trauma original. Um exemplo clássico de retraumatização é uma mulher vítima de estupro ser considerada culpada pelo que aconteceu pelas autoridades envolvidas no caso, como um juiz ou policial.

O trauma mal resolvido pode ser bastante debilitante e comprometer a qualidade de vida. Se quiser obter ajuda para lidar com os efeitos do trauma, recomendo a terapia de EMDR Focada no Apego. Para saber mais sobre esta abordagem, clique aqui ou entre em contato comigo para solicitar uma consulta.