Mês: <span>fevereiro 2023</span>

O seu cérebro hipervigilante não é seu amigo

O seu cérebro hipervigilante não é seu amigo
O cérebro hipervigilante está sempre em alerta

Como seres pensantes, exibimos uma tendência natural de acreditarmos nos pensamentos e confirmarmos as nossas visões tendenciosas, além de nos sentirmos seguros quando as nossas teorias sobre o mundo, nós mesmos e as outras pessoas parecem ser verdadeiras. No entanto, a realidade – assim como os seres humanos – é extremamente complexa. Em nossa ânsia de nos acalmarmos com a ajuda do intelecto, deixamos de levar em consideração diversas variáveis que influenciariam a nossa compreensão da realidade. Limitamos a nossa percepção ao que já sabemos para nos sentirmos seguros, mesmo quando esse conhecimento não favorece o nosso bem-estar.

Essa tendência se pronuncia no cérebro traumatizado. Para as vítimas do trauma relacional, por exemplo, abordar os relacionamentos com a neutralidade e sem levar para o lado pessoal é um desafio, pois sofrem com a hipervigilância.  Num constante estado de atenção ao perigo – modo luta ou fuga – se protegem contra a dor, algo que conhecem tão bem. Para se sentirem seguros, confiam nas explicações sobre a ansiedade e insegurança que seus cérebros produzem com rapidez e aparente eficiência. Você está desanimado com a ideia de conhecer novas pessoas? Provavelmente, porque vão rejeitá-lo. Esse pensamento negativo e irracional, inclusive quando prejudicial à saúde mental e relacional, ajuda os socialmente ansiosos a se equilibrarem. Assim que a ameaça é extinguida (conhecer novas pessoas), não há mais perigo nem fonte de preocupação.

Portanto, o seu cérebro não é, necessariamente, seu amigo nem está sempre certo, em particular quando está traumatizado e hipervigilante – independente de quão convicto se sinta em relação aos pensamentos. Quando se torna consciente disso, a sua vida muda. Se sofreu com o trauma num relacionamento, desconfie muito do que o seu cérebro tem a dizer sobre as outras pessoas. Lembre-se de que tenta protegê-lo, de uma forma rígida e imperfeita. Observe os seus pensamentos de mente aberta e se esforce para considerar novas perspectivas. Não dê crédito, de saída, às teorias negativas que tentam convencê-lo a não confiar em ninguém e tolere o desconforto que surge ao se entregar ao desconhecido, com uma fé cega na própria competência e bondade dos seres humanos. Questione a resistência do seu cérebro em permiti-lo a aprender com a experiência. Você consegue tolerar a dor, caso surja, bem como superá-la com força emocional e maturidade.