Autossabotagem ou cansado de buscar a felicidade?
Você percebe uma sensação de insatisfação com a vida e começa a explorar o porquê, afinal, deve estar faltando algo para que se sinta desta forma. Você indaga, “Tenho trabalhado duro o suficiente para alcançar todos os meus objetivos?” e “Há alguma coisa que eu possa obter para tornar-me mais feliz e realizado?”. Se a sua resposta for não para a primeira pergunta e sim para a segunda, pode passar a analisar as circunstâncias sobre a perspectiva da autossabotagem.
Quando estudamos o termo “autossabotagem”, seja online ou em uma biblioteca de autoajuda, encontramo-lo amplamente ligado aos temas de crescimento profissional e empreendedorismo, o qual está altamente associado ao fracasso ou como Brenner (2019) coloca
“A autossabotagem ocorre quando nos destruímos física, mental ou emocionalmente ou deliberadamente atrapalhamos o próprio sucesso e bem-estar, minando objetivos e valores pessoais”.
O problema da “autossabotagem” não existe no vácuo, mas é produto de uma cultura de busca à felicidade através do “sucesso” e da “realização”. Tal cultura tem os olhos no objetivo final enquanto ignora a jornada, portanto, limita a apreciação da experiência à obtenção de bens materiais e validação. Como buscadores da felicidade, tornamo-nos dependentes de bons sentimentos – desencadeados por fatores externos – para nutrirmos um sentido de plenitude e engajamento com a vida.

Mas vamos retornar a você se questionando sobre o que fez de errado. De acordo com a teoria da autossabotagem, o que precisa para superar a insatisfação é arregaçar as mangas e fazer algo, contudo, considere o seguinte: e se o seu corpo souber de algo do qual você não esteja ciente? E se entender, secretamente, que mesmo que alcance todos os objetivos e sinta uma onda de felicidade, voltará ao basal pessoal? De forma orgânica e sem ter conhecimento da teoria da “esteira hedônica”, decidiu sair dela.
Antes de descartar a sabedoria do corpo, tome um instante para sentar-se com o seu desconforto. Torne-se o observador dos sentimentos sem se envolver com eles, atento ao seu fluxo e refluxo natural, sem se deixar influenciar. Com curiosidade e de coração aberto, entregue-se ao momento alternando o foco da atenção da experiência interna para a externa. À medida que a concentração se torne mais intensa, observe como a percepção muda, momento a momento. Assim que se sentir mais presente com a experiência, cultive uma sensação de aceitação e contentamento no corpo. Após alguns minutos, comece a contemplar a vida de novo. Você ainda sente uma necessidade ardente de mudança?
Referência:
Brenner, B. P. (2019). Stop sabotaging yourself: Tips for getting out of your own way. Therapy Group of NYC. Retrieved March 13, 2021, from https://nyctherapy.com/therapists-nyc-blog/stop-sabotaging-yourself-tips-for-getting-out-of-your-own-way/