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O mito da boa comunicação nos relacionamentos emocionalmente negligentes

Os relacionamentos amorosos têm grande influência em nosso bem-estar, pois nos afetam mesmo se não estivermos conscientes desse impacto. Neste sentido, os filhos adultos de pais emocionalmente negligentes (narcisistas, imaturos etc.) têm maior probabilidade de não perceberem quando não tem as emoções, necessidades e vontades atendidas pelos parceiros amorosos. Como resultado dessa falta de consciência, abordam os problemas do relacionamento sem saber quais são.

O mito da boa comunicação nos relacionamentos emocionalmente negligentes
A boa comunicação não é a unica característica dos relacionamentos saudáveis

Ressalta-se que a “boa comunicação” é considerada como a característica primordial para vivenciar bons relacionamentos; e é nisso que a maioria das pessoas acredita. De fato, embora a boa comunicação esteja frequentemente presente como uma variável em relacionamentos saudáveis, não é, apenas, isso que os faz funcionar. Existem outros fatores que contribuem para o seu sucesso, tais como o amor, a atração sexual, a intimidade (não somente a física, mas também a emocional), o respeito pela autonomia, entre outros. Nas relações funcionais, existe um esforço consciente e uma vontade de ver, sentir e ouvir o outro. A consciência emocional não está presente apenas em nível individual, mas também orienta a compreensão do indivíduo sobre as necessidades do parceiro.

Eu ouço você, mas não valido as suas necessidades

O esforço consciente para melhorar um relacionamento através de uma comunicação melhor tende ao fracasso nos relacionamentos emocionalmente negligentes se a negligência não for identificada e abordada. Um indivíduo pode aprender como se expressar perfeitamente, como usar as palavras de sentimentos e vinculá-las a comportamentos e pensamentos para ajudar a aumentar a consciência do outro (“quando você _____ (comportamento), eu sinto _____ (sentimento) e penso _____ (pensamento)”) e, ainda assim, não se sentir visto, ouvido ou sentido pelo parceiro. Se não há a intenção ou o esforço real do parceiro de se conectar emocionalmente e validar as necessidades do outro – na prática – a boa comunicação, por si só, não resultará nos benefícios prometidos.

Se você está passando por um momento difícil no seu relacionamento, considere a negligência emocional como um fator provável e reflita sobre o tipo de conexão que você tem consigo próprio e quanta importância dá aos seus sentimentos, desejos e necessidades. Faça o mesmo com os sentimentos, os desejos e as necessidades do parceiro. Aprenda a se expressar, caso sinta que não sabe como fazê-lo; e, além disso, reserve um tempo para entender o parceiro. Acima de tudo, observe o que acontece quando a comunicação vai bem se há mudanças positivas. Se os mesmos problemas continuarem a surgir, e as suas necessidades (ou as do parceiro) permanecerem não atendidas, está na hora de abordar a negligência emocional com mais cuidado e atenção.

Palavras como armas: os efeitos crônicos do abuso verbal na infância

Se você anda por aí dizendo, “Paus e pedras podem quebrar os meus ossos, mas as palavras não me machucam” está na hora de reavaliar essa crença. A neurocientista Lisa Feldman Barrett explica em seu brilhante livro Seven and a Half Lessons About the Brain que a exposição ao abuso verbal durante um longo período produz efeitos prejudiciais significativos que vão além da baixa autoestima. Visto que as regiões do cérebro que processam a linguagem também controlam o interior do corpo, o abuso verbal também afeta o ritmo cardíaco, os níveis de glicose e o fluxo de substâncias químicas que sustentam o sistema imunológico. Assim como as palavras gentis ​​fazem-nos sentir amados, mais calmos e fortes; as agressivas têm o poder de prejudicar a saúde física.

As palavras, então, são ferramentas que regulam os corpos humanos. As palavras das outras pessoas têm um efeito direto na sua atividade cerebral e nos seus sistemas corporais, e as suas palavras têm o mesmo efeito nas outras pessoas. Se você tem ou não a intenção de afetá-las desta forma, isso é irrelevante. Fomos programados desta forma.

Lisa Feldman Barrett, 2020

Quando os indivíduos abusivos usam as palavras como armas para maltratar, manipular e controlar os outros, as suas vítimas também se tornam mais vulneráveis ​​à ansiedade, depressão, raiva, disfunção imunológica e a demais disfunções metabólicas, bem como aos distúrbios de humor quando se tornam jovens adultos. Diante de tais fatos, a conexão entre o abuso verbal e as doenças da mente e do corpo não deve mais ser menosprezada ou ignorada.

Palavras como armas os efeitos crônicos do abuso verbal na infância
Exposição ao abuso verbal pode prejudicar a sua saúde física

Embora o exposto seja concernente àqueles que trabalham na área de saúde mental, o que Barrett e outros neurocientistas demonstraram através de extensa pesquisa sobre os efeitos do abuso emocional e verbal não me surpreende. Como conselheira do trauma especializada no trauma de infância/desenvolvimento, tive vários clientes que cresceram em ambientes familiares altamente disfuncionais, e, atualmente, sofrem de, pelo menos, uma doença crônica ou vulnerabilidade física como as mencionadas. Curiosamente, seu início é percebido, em sua maioria, no final da adolescência ou na idade adulta, quando o corpo é submetido ao estresse crônico durante o desenvolvimento. Portanto, há grande probabilidade disso ter um efeito negativo nos sistemas imunológico, respiratório, digestivo, nervoso, endócrino e cardiovascular.

Chegou a hora da nossa cultura parar de normalizar o abuso verbal, seja na forma oral ou escrita. Se foi testemunha ou sofreu abuso verbal, lembre-se de como é tóxico para todos os envolvidos, e tome as medidas necessárias para impedir a sua perpetuação. Você pode fazer isso de modo autônomo, reavaliando as próprias crenças rígidas sobre a agressão verbal, as emoções negativas e vulnerabilidades, tais como, “Se eu deixar isso me afetar, significa que sou fraco”, por exemplo, comece a honrar como se sente com tolerância. Seja saindo da sua zona de conforto através do investimento proativo nos comportamentos assertivos ou participando abertamente de debates relacionados a abuso, pois ajudará a mudar não apenas a própria maneira de pensar, mas também a consciência coletiva.

 

Referência:

Barrett, L. F. (2020). Seven and a half lessons about the brain. Picador: London, UK.

 

A validação inatingível: quando desistir de tentar sentir-se visto, percebido e ouvido pelos pais

A validação inatingível: quando desistir de tentar sentir-se visto, percebido e ouvido pelos pais
Está na hora de desistir de tentar sentir-se visto, percebido e ouvido pelos pais?

A negligência emocional – apesar de ser mais comumente vivenciada do que os abusos verbal, emocional, físico e sexual – tem efeitos prejudiciais e duradouros no desenvolvimento. Embora incompreendida, mas recorrente na narrativa daqueles que cresceram em famílias disfuncionais e tóxicas, a negligência emocional é uma assassina silenciosa e real de autoestima. De forma compreensível, torna-se difícil nutrir amor e respeito por si próprio quando as emoções não são reconhecidas com a importância devida. Como é possível criar um senso de identidade confiável, quando o que vivenciamos nos corpos é consistentemente ignorado, negado e descartado por quem, supostamente, é visto como modelo de maturidade, congruência, autonomia e inteligência (emocionais)?

Quando se é submetido a uma cultura familiar de negligência emocional, a falha de conectar-se com os outros gera um vazio que é fortemente sentido no corpo, além de produzir um efeito de peso, solidão e alienação em quem o carrega. Alguns se sentem dormentes e sob os efeitos da dissociação, como se habitassem um corpo ou vivessem uma vida que não lhes pertencessem. Buscamos uma sensação de integridade para sermos capazes de desfrutar da felicidade e os que sofreram negligência emocional são particularmente propensos a confiar em fatores externos, como a aprovação e o reconhecimento dos outros, para se sentirem bem em relação a si próprios. Mesmo quando os pais são incapazes de ampará-los, continuam a buscar-lhes apoio e validação de forma exaustiva e, por vezes, obsessiva.

Então, como saber quando chegou a hora de dar um “basta!” a essa tendência? Em que ponto pode-se afirmar – com segurança – que os pais são realmente incapazes ou não têm desejo nenhum de validar o seu sofrimento?

Em Burnout (2019), as irmãs Nagoski recomendam as seguintes perguntas para determinar o valor de uma meta ou objetivo (meus comentários estão em parênteses):

Quais são os benefícios de continuar? (Existe uma probabilidade realista de seus pais reconhecerem o comportamento negligente de forma genuína? Qual é a probabilidade de sentir-se melhor ao continuar buscando esse reconhecimento?)

Quais são os benefícios de parar? (Que efeito deixar de perseguir a validação de seus pais teria na sua saúde mental/emocional? Qual é a probabilidade de sentir-se melhor ao abandonar esse hábito?)

Quais são os custos de continuar? (Que efeitos sentir-se invisível e sem importância, repetidamente, podem ocorrer em sua autoestima? Que influência isso continuaria a exercer na sua autoconfiança, também em outros contextos relacionais?)

Quais são os custos de parar? (Como sentir-se-ia ao parar de tentar se conectar emocionalmente com os seus pais? Quanto confia na sua capacidade de processar e aceitar essa perda de conexão?)

Embora a ideia de não contar com os pais como fonte de verdadeiro apoio e conexão emocional desperte grande tristeza a curto prazo, é superprodutivo processar essa perda como um investimento para a felicidade autêntica a longo prazo. Após desistir de consertar os relacionamentos disfuncionais e tóxicos, terá mais liberdade para se concentrar nos relacionamentos gratificantes e satisfatórios.

Referência:

Nagoski, E. & A (2019). Burnout. Solve Your Stress Cycle. Penguin Random House: London, UK

6 sinais de TEPT-C (Transtorno de Estresse Pós-traumático Complexo)

6 Signs of CPTSD
A dificuldade de regulação emocional está conectada ao TEPT-C

O Transtorno de Estresse Pós-traumático Complexo ou TEPT-C pode ocorrer como um efeito do trauma complexo, o qual resulta da exposição repetida a eventos adversos por um período prolongado. As filhas e filhos de pais narcisistas/tóxicos/abusivos e aqueles que cresceram e se desenvolveram em um ambiente altamente disfuncional são, portanto, propensos a terem sofrido abuso e negligência na infância (incluindo emocional) o que, por sua vez, aumenta a probabilidade de identificarem-se com os seguintes 6 sinais de TEPT-C:

1- Alta reatividade e dificuldades de regulação emocional: o trauma da infância mal resolvido está ligado ao luto não processado, à raiva acumulada e aos sentimentos profundos de solidão e depressão do abandono que requerem esforços conscientes para serem administrados. Devido à hipervigilância, contudo, os sentimentos de ansiedade surgem rápida e facilmente, tornando mais difícil compreender e gerenciar a vida interior. Portanto, as emoções são frequentemente sentidas de forma intensa e sem uma sensação de correspondência ou mesmo de pertença a um contexto específico.

2- Mudanças na consciência: dissociação, dificuldade de recordar os eventos traumáticos, inclusive emoções relacionadas a estes.

3- Autoimagem negativa: fortes crenças negativas sobre si próprio que são sentidas no corpo mesmo quando não correspondem ao pensamento objetivo (“Sei que sou competente/bom o suficiente/digno de ser amado, mas não me sinto assim”). Presença de um crítico interno influente, tendência a ver o mundo em preto e branco e síndrome do impostor são comuns.

4- Dificuldades na área dos relacionamentos: dificuldade de confiar nos outros e ver os relacionamentos como fontes de bem-estar. Tendência natural de gravitar em torno de indivíduos abusivos/tóxicos e relacionamentos codependentes e emocionalmente dependentes, uma vez que parecem familiares e criam uma falsa sensação de segurança.

5- Percepção distorcida do abusador: ver o abusador como todo poderoso e capaz de causar dor contínua, controlar ou mesmo destruir vidas, mesmo quando é muito mais velho(a), física e mentalmente mais fraco(a) e emocionalmente imaturo(a), por exemplo. Tendência a ficar obcecado por se sentir ouvido e ter as emoções e experiências validadas por este, bem como nutrir pensamentos e fantasias recorrentes sobre conversas, acerto de contas e planos de vingança.

6- Perda dos sistemas de significados: sentimentos de desesperança e perda de propósito em relação ao mundo, à vida, às pessoas e à espiritualidade.

Outros sintomas incluem: dor no peito, dores de cabeça frequentes, enxaqueca, armouring, bruxismo, problemas gastrointestinais, baixa libido, dificuldade de apreciar o sexo, sistema imunológico enfraquecido, distúrbios do sono, flashbacks, comportamentos de evitação, pensamentos suicidas, maior suscetibilidade a comportamentos que desembocam em vício e depressão.

Se se identificou com o relatado, saiba que o tratamento do TEPT-C é possível através de uma atitude consciente e proativa que inclui uma combinação da terapia do trauma, tal como a de EMDR Focada no Apego, e medidas de cuidado pessoal.

A assertividade como autovalidação nos relacionamentos disfuncionais

A assertividade como autovalidação nos relacionamentos disfuncionais
Os filhos adultos e parceiros amorosos dos indivíduos altamente negligentes e até mesmo abusivos não se sentem percebidos, ouvidos ou vistos

Como explicado no artigo do meu blog O que é um relacionamento disfuncional?, os relacionamentos são considerados disfuncionais quando não favorecem a verdadeira intimidade, saúde emocional e crescimento pessoal. Na prática, isso é observado quando necessidades, opiniões, sentimentos e desejos não são validados de forma democrática. Os pais controladores ou cônjuges que exibem um baixo nível de autoconsciência e maturidade emocional e, portanto, concentram-se quase exclusivamente nas próprias necessidades e sentimentos e criam uma dinâmica relacional negativa para todos os envolvidos. Como resultado de sua atitude egocêntrica (muitas vezes inconsciente), negligenciam o bem-estar dos filhos e parceiros, o que acarreta queda não só na autoestima destes, bem como na capacidade de respeitar os limites pessoais e de sentirem-se confiantes nos contextos relacionais (para aprofundar o conhecimento acerca dos comportamentos parentais disfuncionais que afetam o desenvolvimento e a harmonia dos relacionamentos familiares, recomendo a leitura do meu novo livro Desconstruindo a família disfuncional).

Para a parte negligenciada, os sentimentos de ansiedade, desesperança, impotência e abandono surgem com frequência. Como os filhos adultos e parceiros amorosos dos indivíduos altamente negligentes e até mesmo abusivos não se sentem percebidos, ouvidos ou vistos, dedicam tempo e esforço demasiados para comunicarem as necessidades a fim de serem ouvidos na esperança que o comportamento assertivo desemboque em uma mudança comportamental. Enquanto alguns conseguem alcançar resultados positivos e afetar os relacionamentos favoravelmente, outros não têm a mesma sorte. Para estes, questionar o ponto de ser assertivo em tais cenários desanimadores torna-se digno de consideração.

Se cortar contato com pessoas difíceis ou terminar os relacionamentos disfuncionais que comprometem o bem-estar emocional não são opções para as quais esteja inclinado, sugiro manter a assertividade, mas como algo seu. Se pai, mãe ou parceiro amoroso recusa-se a ouvi-lo, vê-lo ou percebê-lo, isso não significa que deva fazer o mesmo para si próprio. Como a assertividade é um presente que se dá ao seu verdadeiro eu, quando se sentir sem importância, invisível, incompetente e/ou indigno de amor na presença deles, continue a se conectar com o corpo e a expressar como o fazem sentir, independente da maneira como imagina que reagirão. Você pode fazer isso dizendo o seguinte, silenciosamente ou em voz alta:

“Quando você _____ (comportamento), me sinto _____ (sentimento) e penso _____ (pensamento)”.

Exemplo: “Quando você ignora a minha opinião, me sinto triste/com raiva e penso que não tenho importância”.

Cada vez que repete isso – mesmo quando passa despercebido para outras pessoas – você valida os próprios sentimentos. Quando mantém a conexão com o corpo e observa o impacto que os outros exercem em você, torna-se a própria fonte de validação e empoderamento, o que também ajuda a quebrar o ciclo de dependência e disfunção.

O que é um relacionamento disfuncional?

O que é um relacionamento disfuncional
Os relacionamentos disfuncionais são aqueles que não favorecem a verdadeira intimidade, a saúde emocional e o crescimento pessoal

Embora nenhum relacionamento seja perfeito, alguns são mais funcionais do que os outros. Se este princípio corresponde à realidade, o que torna certos relacionamentos menos saudáveis ​​ou mais disfuncionais do que os outros? A resposta está na quantidade, intensidade e frequência dos comportamentos disfuncionais que os moldam e os definem como tais.

Como regra universal, os relacionamentos disfuncionais são aqueles que não favorecem a verdadeira intimidade, a saúde emocional e o crescimento pessoal. Nestes contextos, as necessidades, os desejos, as vulnerabilidades e os sentimentos negativos não são expressos com clareza e autoconfiança por medo de rejeição e abandono. Portanto, o eu autêntico não floresce na presença do outro, mas se refugia atrás de uma fachada de equilíbrio e força criada para atender às expectativas do outro.

Apesar dessas expectativas terem significativa influência na dinâmica e saúde de qualquer relacionamento, na modalidade disfuncional, tendem a ser demasiado altas e irrealistas. Como não são discutidas abertamente, negociadas democraticamente e com um compromisso razoável, não correspondem às diferenças, necessidades e limitações individuais do eu autêntico. A falha em atender os próprios padrões idealizados ou as expectativas do outro culmina em sentimentos de não se considerar bom o suficiente, de não ser competente (medo de cometer erros, não agradar o outro ou “fazer tudo certo”) e indigno de ser amado. A inadequação que permeia tais relacionamentos desemboca, também, em uma tendência de encontrar falhas, culpar o outro e guardar rancores.

Devido à imaturidade, negligência e dependência emocional, as emoções não são processadas de forma autônoma ou através da presença empática com o outro. Como resultado, o comportamento é amplamente motivado por sentimentos inconscientes de medo, vergonha, raiva e ansiedade que exercem grande impacto negativo tanto em nível individual quanto relacional. A falta de apoio emocional adequado e validação, ou da disposição para escutar o outro e implementar mudanças de comportamento, resulta em um crescente ressentimento que faz com que se pareça “explodir por nada”, de tempos em tempos.

Nos relacionamentos disfuncionais, os limites não são claros ou respeitados, assim como o querer e as preferências de, pelo menos, um ou todos os envolvidos. Como os valores e as funções de cada um são rígidos, a dinâmica é altamente desigual e favorece a uma díade dominante/ativo e submisso/passivo, frequentemente mantida de modo inconsciente e baseada em muita negação. Em tais cenários, o relacionamento é usado como uma arma de manipulação e controle. A recusa de se conformar com a dinâmica disfuncional e desempenhar os seus rígidos papéis é seguida por ameaças de abandono, sejam manifestas de forma aberta/verbal ou oculta, através do distanciamento emocional e da agressividade passiva.

Nos casos em que há tentativas de resolver os problemas, a motivação é fraca e tende a definhar rapidamente, portanto, a trajetória dos relacionamentos disfuncionais é marcada por altos e baixos. Enquanto um assume a responsabilidade do bem-estar do relacionamento, o outro se recusa a reconhecer, integralmente, os efeitos de sua atitude, e, com facilidade, retorna aos antigos hábitos de negação, negligência ou resistência à mudança. Como as relações disfuncionais são constituídas por duas unidades altamente independentes que não funcionam de forma cooperativa, também são caracterizadas por sentimentos de impotência, vergonha, descontentamento e isolamento.

Se gostaria de parar de alimentar a dinâmica disfuncional de certo relacionamento, seja com o seu(sua) parceiro(a), parente, amigo(a), colega de trabalho ou chefe, a autoconsciência é fundamental. Embora não seja responsabilidade de ninguém carregar o bem-estar de qualquer relacionamento exclusivamente nas suas costas, abordar a questão de forma proativa e mudar o próprio comportamento possibilitará que se torne um modelo de autoestima e maturidade emocional. Para aprofundar o conhecimento acerca dos relacionamentos disfuncionais e que afetam o desenvolvimento e a harmonia familiar, recomendo a leitura do meu novo livro Desconstruindo a família disfuncional.