Como você sabe se está sofrendo de trauma?
Apesar de extremamente comum, o termo “trauma” muitas vezes parece demasiado forte ou assustador para ser incluído em nossa narrativa pessoal. Isso ocorre porque o trauma é amplamente associado a experiências que ameaçam a vida, como os ataques terroristas, os desastres naturais, os acidentes e as guerras. No entanto, trata-se de algo que ocorre na vida de um grande número de pessoas e não apenas nas das vítimas de acidentes de carro ou soldados. Na verdade, o trauma é tão penetrante, que pesquisas revelaram que afeta a maioria da população.
Se esse for realmente o caso, como saber se é uma das milhões de pessoas que sofre ou sofreu com um trauma?

Um evento traumático representa qualquer situação tão angustiante para um indivíduo que excede a sua capacidade de lidar com esta. Essa(s) experiência(s) negativa(s) não é/são processada(s) no cérebro da mesma forma que uma memória feliz ou “normal”. Devido ao fato das memórias traumáticas não serem integradas a nossa rede de memórias de modo funcional e saudável, afetam a nossa psique negativamente. As vítimas sobreviventes de trauma, muitas vezes, têm dificuldades de deixar o passado no passado e gerenciar as suas emoções de forma eficaz, como se ainda estivessem na mesma posição vulnerável que se encontravam quando o(s) evento(s) negativo(s) ocorreu/ocorreram.
Como indivíduos, processamos as nossas experiências de vida de maneiras únicas. A própria dor é subjetiva, pois o considerado traumático para uma pessoa pode não ser para outra. De um modo geral, o trauma destrói as nossas visões cegas de nós mesmos como inquebráveis, bem como a nossa fé na bondade de todas as pessoas. Além disso, questiona veementemente as nossas convicções fundamentais idealizadas em torno de ideias de segurança, seja em relação a nós mesmos, ao mundo a nossa volta, ou a aqueles que conhecemos e amamos e que, supostamente, deveriam nos amar e proteger. Embora necessitemos organizar a realidade de uma forma fixa e previsível, a experiência humana revela-se mais complexa do que as nossas crenças conseguem explicar. Quando algo ruim acontece que compromete a sua veracidade, há uma alta probabilidade de que o eu inteiro se sinta prejudicado.
Tendo em mente o mencionado, qualquer evento angustiante pode ser considerado traumático. Somos particularmente vulneráveis quando crianças a sermos traumatizados por experiências negativas que comprometem a nossa capacidade de manter um senso interior de segurança. Uma vez que a sobrevivência está centrada na proteção contra danos à alma e ao corpo, não se sentir amado, visto, ouvido ou reconhecido pelos pais, parentes ou amigos, por exemplo, pode resultar em trauma. Um comentário desagradável feito por uma mãe ou pai irritado, sentir-se humilhado pelas ferroadas de um professor abusivo ou intimidado por um colega de escola também tem o potencial de despertar sentimentos profundos de impropriedade e inadequação em uma criança ou adolescente. Se esta dor é sistematicamente ignorada ou não lidada abertamente por uma mãe ou pai empático, consistente e preocupado, pode afetar a capacidade deste individuo de superá-la definitivamente.
Independente da frequência, intensidade ou característica de um evento estressante e traumático, os seus efeitos são específicos e reais. Quando se trata do trauma – seja “grande” ou “pequeno”, de natureza psicológica/emocional ou física, de ocorrência isolada ou complexo – o que importa é como você se sente em relação ao que aconteceu e não necessariamente o quê o causou, já que a lista de efeitos ou sintomas de trauma é extensa. Quando não são reconhecidos e tratados de forma proativa tendem a afetar o corpo, a mente e os relacionamentos de maneira negativa durante um longo período. O trauma não resolvido desemboca em problemas de saúde mental, tais como: distúrbios de ansiedade, baixa autoestima, vícios, depressão, raiva acumulada, culpa e vergonha, entre outros (para uma lista completa dos efeitos do trauma, clique aqui).
Caso esteja se perguntando se sofre de trauma, recomendo não se concentrar em julgar se o que passou “é ruim o suficiente” para ser classificado como tal, mas no que esteja sentindo. Você é do tipo de pessoa que teve dificuldades, ao longo dos anos, de lidar com emoções intensas como a tristeza, raiva, culpa, vergonha e ansiedade de maneira eficaz? Você se sente facilmente sobrecarregado por elas? Você sente que a vida parece mais difícil para você do que é para as outras pessoas? Você acha difícil saber quem verdadeiramente é? Você tem dificuldade de criar e manter relacionamentos seguros e estáveis? É difícil para você falar ou mesmo relembrar memórias dolorosas do seu passado? Se você se identifica com os pontos levantados aqui e respondeu sim a algumas das perguntas, há uma alta probabilidade de que esteja sofrendo de um trauma e seus efeitos.
Felizmente, eles são tratáveis. Para informações sobre como curar o trauma e seus efeitos, entre em contato comigo e descubra como a terapia de EMDR Focada no Apego pode ajudá-lo a recuperar o controle sobre si e melhorar a sua qualidade de vida.